Plano de voo

Esse amor que eu tenho na palma das mãos, se é pássaro, está empalhado ou adormecido, pois não voa. Leve como se fosse sustentando por nuvens, esse amor na palma das mãos, que é tão doce, que é tão terno, que é cintilante e é tão bonito, não voa. Esse amor-flor de talos fortes, de pétalas translúcidas de finura, sem porquê, deixou o vento brincar de bem-me-quer. Esse amor é amor-beijo-roubado que guardo e esquento, apertando-o com os dedos contra a palma das minhas mãos. É amor marca de batom tatuado na linha da vida. Cuido com carinho dele, que dorme tranquilo um sono de paz, profundo, um sono de sonhos. Do sonho foi tecido o amor que hoje se aninha há cinco passos de formiga dos meus dedos. Caiu em minhas mãos enquanto eu alongava os braços na tentativa de pescar estrelas. Procurava capturar estrelas para soprar de volta ao vento, quando o vento me soprou um amor anjo caído, que eu não sei se é de voar ou se é daquele que fica.

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