Escrevo como quem ensaia um contemplar de fim de tarde. O coração morno, exposto ao vento. Eu no alto da montanha. Quis te trazer palavras com cores de laranja. Porém, escrevo-as de preto em papel branco, sem pautas, sem firulas – para que me sintas nua. Se as letras lhe parecerem por demais pequeninas e as linhas tortas, peço-te paciência e persistência para chegar até o fim. Quero que deposites aqui toda a sua imaginação, que enxergues o sol caindo alegre e despreocupado entre as montanhas. Tão lindo! Exercite a imaginação até sentir minhas mãos centésimo em centésimo mais próximas das tuas: leves.
Dedos frios de vento, sentimentos quentes de sol.
Veja o brilho do alaranjado invadindo as minhas retinas: que cores elas obtêm? A mistura é homogênea ou as cores que são minhas somadas as do sol se dissipam? Vejo teus olhos ficarem nas cores e nos tons de folhas secas de outono, rajados. Os teus olhos secos refratando raios quentes, que me queimam até ferir a alma. À ferida chamarei saudade. Sei que é inverno, mas me sinto outono.
Veja o brilho do alaranjado invadindo as minhas retinas: que cores elas obtêm? A mistura é homogênea ou as cores que são minhas somadas as do sol se dissipam? Vejo teus olhos ficarem nas cores e nos tons de folhas secas de outono, rajados. Os teus olhos secos refratando raios quentes, que me queimam até ferir a alma. À ferida chamarei saudade. Sei que é inverno, mas me sinto outono.
Eis aqui o cair das minhas folhas. Desfolho-me em palavras que faço tuas, num desejo de que caiam macias e delicadas ao teu coração, que quero quente de queimar-me viva. Que medo, meu Deus, que medo! De que me entendas mal, de que não me sintas, de que me deixes só a contemplar o fim de tarde, que antecipo em ensaios e para dar-te sem segredos. Desprendo-me do galho. O vento que me tira para dançar larga-me desajeitada no chão. Rodo em redemoinhos pelo asfalto: sou folha seca longe do seu quintal.
Sem que fosse preciso repousar as pálpebras, avistei-te num levantar brusco, em passos rápidos, ausentando-se de mim: os seus joelhos sem dobras, o seu rosto sem forma, os seus passos de ré: a cena em retrocesso. Não vá! Eu fico.
Perdoe-me a mim, que ainda muito menina, não sei fechar as grades do sonho para maus pensamentos. Reconheço ser displicente, mas não entenda mal. A ti sou atenta, observe quanta delicadeza te desprendo em letras sob o papel, ignorando tudo o que me faria fraquejar e confundir a porta do correio com a da tabacaria. Peço para que fiques um pouco mais e anoiteça ao meu lado. Que junto a mim, você e os nossos abraços.
Ignoro a estação, mas sei, é inverno. Faz frio. Abraça-me.
Perdoe-me a mim, que ainda muito menina, não sei fechar as grades do sonho para maus pensamentos. Reconheço ser displicente, mas não entenda mal. A ti sou atenta, observe quanta delicadeza te desprendo em letras sob o papel, ignorando tudo o que me faria fraquejar e confundir a porta do correio com a da tabacaria. Peço para que fiques um pouco mais e anoiteça ao meu lado. Que junto a mim, você e os nossos abraços.
Ignoro a estação, mas sei, é inverno. Faz frio. Abraça-me.
Quisera eu.
ResponderExcluirEu ganhei um cartão de aniversário, certa vez, que dizia a frase clichê: a beleza está nos olhos de quem vê. Apesar de, no fundo, pensar que fui chamada de feia, achei lindo. Levo isso comigo desde então...'
ResponderExcluirconcordo plenamente, foi exatamente isso que eu quis passar!
vou ler teu novo texto.
estarei sempre por aqui agora .
abraço