Medindo o esforço para continuar, permaneço aqui, onde o sol aparece e desaparece, onde a lua vai e vem. Está sempre amanhecendo e anoitecendo. Me doo, agora, em conta gotas: a contar gotas. Estar perdido é bom, o que pesa é o cotidiano dessa perda. O estar perdido é o estar se procurando. Ser perdido é deixar de ser, é se abster de ser e estar em você primeiro, antes de mergulhar no espectáculo desconhecido do ser do outro. Como manter uma vida apenas nesse limbo que é o estar sendo alguma coisa? Ao repetir estar sendo você observa até um reboliço, que vai além do mal uso da língua portuguesa. A má construção começa na língua: a história que você conta para si mesmo é a que você deveria valorizar. No entanto, só o faz durante as preces por um bom sono. Você conta as suas histórias para te fazer dormir. Você sonha em ser e acorda estando. Vai procrastinando a vida, deixando estar, deixando o vento, pendurando as fotografias no varal, pendurando, ano a ano, as contas do dia e somando-as todas nas cordas dos varais, nos cabides, nos bolsos dos ternos e vestidos, grudando-as nas solas dos sapatos. Arrastando-se, você vai estando na mesa para o café da manhã com a família, vai estando no trabalho e no estudo. Você não se abandona para viver no outro, você se abandona para viver o outro. E se liberta da sua vida em você. Regurgita o prazer de ser único. O seu Eu é o Eu do outro. A cicatriz que ele ganhou caindo da bicicleta aos sete é sua. O que você não vê é que ele, sendo o seu oposto, é seu alterego. Ou melhor, você sabe. Você sabe e despreza, o que é pior. Porque morar no outro é que é bonito. Só é quem toma partido de si mesmo. Você é. Eu sou. Há respeito. E esperança. Eu espero.
esse final lembra um texto meu, depois te ostro qual é.
ResponderExcluirsão de minha autoria, sim. exceto uma, em que apareço atrás de uma máscara veneziana de bobo - ou curinga.
aaah, não vale! se estas do teu blog forem de sua autoria, então serão mais belas que as minhas!
acho bonito essa história de estar apaixonados e tal.
ResponderExcluiresses moços, pobres moços, ah! se soubessem o que sei...
gostei do texto, dessa coisa de se confundir no outro, ser o outro: pelo contraste a gente acaba descobrindo quem a gente é. e o mais bonito é que nem é essa a intenção.
http://aaluah.blogspot.com/2008/09/porque-eu-sou-assim.html
ResponderExcluirquede vc, menina?
ResponderExcluirSenhora M. que bem ditas palavras-reflexões.
ResponderExcluirahhhhhhhhhhhhhhhhhhhh