III
Medo bobo. Não do seu coração, que sei doce. Eu tive medo de bater à sua porta e não ser atendida. Tive medo de não ser bem recebida. De você abrir, me ouvir chamar o seu nome e fechar a porta, dizendo se tratar de engano, me pedindo gentilmente para verificar o endereço – como se eu não o tivesse feito centenas de vezes. Parece balela, bem sei, mas faz parte da minha educação: fico a um passo da porta, ainda que aberta, mas não entro sem um convite. Posso passar anos ali, parada, criando bolor. Jamais invadiria, não penetraria à sua casa nem que fosse com a ponta dos pés, ainda que eu tivesse leveza de mais dedicada, sofrida e apaixonada bailarina. Tive medo de que ele, o convite, não viesse. Tive medo de ficar ali, parada, à porta do seu coração, pelo tempo de uma eternidade que não findasse. Fico pálida só de pensar. E volto a habitar o continente de gelo. Quando percebo que já é madrugada e os seus olhos me transportam sem mim há duas semanas. Parece ontem, parece hoje, parece sempre. Parece um ontem mal resolvido, um agora: rebobino a fita centenas de vezes, mas lá dentro de você eu continuo sentada, com medo, olhando a rampa que não desço. Eu não sei o que fazer e não consigo voltar, uma vez que estou dentro de onde sempre quis estar. Se eu dissesse que te amo, você, o que diria?
Medo bobo. Não do seu coração, que sei doce. Eu tive medo de bater à sua porta e não ser atendida. Tive medo de não ser bem recebida. De você abrir, me ouvir chamar o seu nome e fechar a porta, dizendo se tratar de engano, me pedindo gentilmente para verificar o endereço – como se eu não o tivesse feito centenas de vezes. Parece balela, bem sei, mas faz parte da minha educação: fico a um passo da porta, ainda que aberta, mas não entro sem um convite. Posso passar anos ali, parada, criando bolor. Jamais invadiria, não penetraria à sua casa nem que fosse com a ponta dos pés, ainda que eu tivesse leveza de mais dedicada, sofrida e apaixonada bailarina. Tive medo de que ele, o convite, não viesse. Tive medo de ficar ali, parada, à porta do seu coração, pelo tempo de uma eternidade que não findasse. Fico pálida só de pensar. E volto a habitar o continente de gelo. Quando percebo que já é madrugada e os seus olhos me transportam sem mim há duas semanas. Parece ontem, parece hoje, parece sempre. Parece um ontem mal resolvido, um agora: rebobino a fita centenas de vezes, mas lá dentro de você eu continuo sentada, com medo, olhando a rampa que não desço. Eu não sei o que fazer e não consigo voltar, uma vez que estou dentro de onde sempre quis estar. Se eu dissesse que te amo, você, o que diria?
eu diria q tb te amo, uah!
ResponderExcluirq alegria vc escrevendo de novo!.. :D
que lindo, lila.. =}
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