Quanto mais velho eu fico, menos consigo falar de amor, esse sentimento besta. E essas suas perguntas deixam seu velho desajeitado. É que a vida, meu neto, a vida desconstrói nossas crenças uma a uma. É preciso dominar a arte da reconstrução mais do que compreender a engenharia dos sentimentos. Mas isso eu não quero que você entenda. Continue aprendendo a somar e dividir. É depois de velho que a gente aceita que não sabe. Eu sei menos do que você, meu guri, e já não me escondo atrás de vaidades. Seu avô não descobriu para onde vai o amor quando ele acaba. E você, meu menino levado, você sabe se já inventaram um cemitério de sentimentos? Tenho umas velas para acender por lá. Sentimentos perdidos me assustam mais do que almas penadas.
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