Vai, fala pra ela. Diz com todo o coração. Diz sem palavras. Diz com um dialeto inventado. Diz dançando. Diz fazendo mímica, desenhando, pulando de um pé só, mas diz. Diz, que se você não fala, a coisa morre. Diz escrevendo, se conseguir escrever. Diz cantando, se tiver voz. Diz com todas as palavras ao mesmo tempo, do jeito que der. De trás pra frente. Não é do seu autor preferido a sentença de que toda pessoa guardada uma hora fala aramaico? Pois então fale. E se não sabe, aprenda. Ou fale em grego. Mas diz. Se preocupe em dizer, mas se despreocupe do sentido. Você sabe que ela entende. Diz que, agora sim, tudo vibra. E tudo gira. Fale sobre os dias de cores quentes, sobre as manhãs em tons pastel, sobre as noites que, de frias, só têm as cores. Diz que os dias são para serem vividos mais do que sonhados. Diz que tudo é novidade: a cor do céu, a textura do chão, o comportamento do sol, o barulho da chuva, as delícias do frio, as fases da lua, o significado das canções. Diz do muito que já aprendeu, do pouco que ainda sabe e de tudo o que há por vir, que parece tanto. Diz, que hoje dizer é raro e o tempo é curto. Diz, antes que o tempo falte. Diz, antes que ela desligue. Não fale alô, apenas diga.
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