17/09/2005
Eu gritava o refrão. Eu batucava na mesa. Chamava o garçom: por favor, mais uma cerveja! Eu ria da tristeza que me acometia. Eu dançava como quem caçoava, mas era o ritmo que me embalava. Eu ria da letra, subia na mesa – e gritava como quem apenas se divertia. Rodopiava de braço em braço.
No fim, mais um dia sem laços. O meu coração dançava o ritmo contrário.
Todas aquelas luzes, os ecos felizes, as mãos acompanhando a música, a bebida acompanhando a coragem: dribles para o coração enferrujado.
Na volta para casa: ausência de estrelas, excesso de vazio, o vento frio, o excesso da falta dos teus passos guiando os meus até a porta de minha casa. Assim, eu caminhava pelas ruas vazias. Carros corriam, enquanto devagar eu andava. Observava com os olhos de quem vê o mundo pela primeira vez - ao mesmo tempo em que contemplava a beleza da noite, temia e tremia assustada; ia tropeçando em pedras, roubando flores dos jardins e cantarolando aquele refrão que fez meu coração descompassar, em seu compasso brega.
Era noite de inverno onde todos dormiam cobertos ou choravam quietos. Luzes apagadas. Em meu quarto, eu repetia pela terceira vez a canção que trazia de volta a alma ao corpo, que enquanto rodopiava livre, a aprisionava.
Se eu não a houvesse escutado, seria eu quem a teria escrito e ritmado, de acordo com meu coração: descompassado.
mas louco eh quem me diz, e nao eh feliz.
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